quinta-feira, 25 de julho de 2013

Estou tentando engravidar e até agora nada! O que fazer?

Antes de mais nada acho legal explicar para vocês que somos uma das espécies mais inférteis da natureza. Cada casal sem nenhum probleminha de fertilidade, com tudo tinindo de lindo, em média, tem 20% de chance de alcançar uma gravidez em cada mês (por ciclo fértil), alcançando 80-85% em um ano. A idade também fala muito alto, infelizmente. As chances mensais em cada faixa etária da mulher são: Faixa até 20 anos: 25% Faixa entre 21 e 30 anos: 20% Faixa entre 31 e 35 anos: 15% Faixa entre 36 e 39 anos: 10% Faixa entre 40 e 44 anos: 5% 45 anos ou mais: abaixo de 3% Você deve estar se perguntando, só isso de chance num mês? Eu te explico, a parada é sinistra, tudo, eu disse TUDO tem que dançar no mesmo ritmo da música, acompanhe (vou explicar bem basicamente, eu diria até que porcamente para não me estender tanto): - Hormônios devem estar ok para você ovular regularmente, opa, primeiro impecilho, não pense que mesmo regulada em um ano você irá ovular todos os meses, não minha flor! A média é de 8 a 10 vezes ao ano, quando se está na faixa dos 25 a 30 anos, ou seja, podem ocorrer ciclos sem ovulação sem que isso seja um problema propriamente dito; - Pensando que você você ovulou esse mês, próximo passo, o muco deve estar bom para receber os espermatozóides e não eliminá-los logo que entrem na sua "amiga". Falando nos espermatozóides, eles também precisam estar em boa quantidade, saudáveis e móveis; - Muco e espermatozóides ok, próximo passo, suas trompas devem estar móveis, desobstruídas e funcionais para receber o óvulo e para que o espermatozóide caminhe; - Trompas lindas, lá vem os espermatozóides, opa, cadê o óvulo? Você ainda não ovulou, bom ele pode esperar até 72 horas então é bom que você ovule logo, rs. A situação inversa também pode ocorrer, você ovulou, óvulo lindo descendo pela trompa, olhando para todos os lados e, cadê os espermatozóides? Para piorar, o óvulo só pode ser fecundado até 12 hora pós ovulação. Concluindo: óvulo e espermatozóide devem estar em sintonia, do contrário, baubau; - Óvulo e espermatzóides se encontraram, agora lá vem mais uma etapa, algum dito cujo precisa conseguir penetrar o óvulo; - Digamos que o óvulo encontrou os espertazóides, um querido conseguiu penetrar o óvulo, óvulo fecundado! Todo comemoram! Só que não... ele precisa chegar até o útero, e tem mais, o endométrio (camada que reveste o útero, digamos que a caminha para o óvulo fecundado se aninhar) precisa estar na espessura ideal; Gente! Perceberam quantas etapas precisam estar em perfeita sintonia? Calma, sei que sabendo disso dá vontade de chorar, surtar, desmaiar, tudo junto e misturado. Mas depois, pensando bem, rola até uma certa tranquilidade, se você tenta a menos de um ano e não conseguiu ainda, pode ser apenas questão de falta de sorte mesmo! Lembrando que antes de começar a tentar, o ideal é procurar seu ginecologista, contar que planeja engravidar, o mesmo vai lhe informar (ou deveria) sobre os passos a seguir, provavelmente receitar ácido fólico e realizar uma bateria de exames de praxe (se não pediu e não te informou nada, conselho: mude de médico!). Se tudo estiver ok, é o seguinte, se você tem menos de 35 anos, o recomendado é só procurar ajuda profissional para investigar a fundo algum problema, depois do primeiro ano completo de tentativas. Se você tem 35 anos ou mais, o recomendado é buscar ajuda depois de 6 meses sem sucesso. A infertilidade afeta, aproximadamente, 1 em cada 5 casais e sua origem pode estar ligada a problemas masculinos (40%), femininos (40%) ou a uma combinação de ambos (15%). Nos outros 5% dos casos, não há causa aparente. Para um diagnóstico preciso da infertilidade é necessário uma investigação detalhada do casal, envolvendo avaliação clínica e laboratorial. De uma forma didática, são cinco os fatores que devem ser pesquisados e que podem atrapalhar um casal para ter filhos: 1. – Fator Hormonal e Fator ovariano: Problemas de hormônio e da ovulação; 2. – Fator Anatômico: Pesquisa da integridade anatômica do útero, trompas, colo uterino e aderências; 3. – Fator Imunológico : Pesquisa da “Incompatibilidade”, “hostilidade”, “alergia” – entre os gametas masculinos e femininos; 5. – Fator Masculino; 6. – Fator Endometriose. 1. FATOR OVARIANO E FATOR HORMONAL Este fator representa 50% dos casos de esterilidade, por falta total de ovulação (anovulação) ou por um defeito da mesma (disovulia – insuficiência de corpo lúteo). A pesquisa da ovulação se faz através de exames de sangue e USG. Dosagens hormonais: São realizadas durante o ciclo menstrual, procurando-se avaliar a real existência, a qualidade e a época da ovulação. Devem ser feitas na época adequada e os hormônios dosados são geralmente: FSH, LH, ESTRADIOL, PROLACTINA e PROGESTERONA entre outros, que poderão ser indicados de acordo com as suspeitas diagnósticas (Tireóide, etc). Ultra-sonografia transvaginal seriada: Através deste exame, que é repetido algumas vezes durante o ciclo ovulatório, pode-se prever a ROTURA DO FOLÍCULO. Nos momentos que antecedem a ovulação, o folículo atinge seu tamanho máximo, mais ou menos 20 mm, formando um pequeno cisto (cisto funcional). Com a ovulação, este cisto se rompe e o óvulo é encaminhado para o útero, através da trompa uterina, onde deverá ser fecundado, passando a se chamar embrião. Biópsia de endométrio: Fornece material para exame microscópico e pode ser realizada no próprio consultório durante o exame de videohisteroscopia, ao redor do 24º dia do ciclo menstrual. O exame deste material permite avaliar também a ação efetiva dos hormônios. 2. FATOR ANATÔMICO – INTEGRIDADE DA ANATOMIA INTEGRIDADE DA ANATOMIA: Consiste nas alterações do órgão reprodutor que podem impedir o encontro do espermatozóide com o óvulo dentro das tubas (ou trompas) e a conseqüente fecundação. ÚTERO, TROMPAS E OVÁRIOS: O útero e as trompas devem exibir normalidade na sua anatomia e no seu funcionamento. Estas alterações ocorrem em 20 a 30% dos casos de esterilidade. Além das causas inflamatórias, traumáticas, cirúrgicas malformações, mioma, etc…, cumpre assinalar o papel dos fatores emocionais. O stress pode ocasionar alterações do peristaltismo das trompas (movimento que elas fazem para fazer com que o óvulo, fecundado ou não, caminhe dentro delas), comprometendo a captação e o transporte do óvulo. Alguns exames podem ajudar a detectar melhor possíveis problemas. São eles: Histerossalpingografia: Clique aqui para saber mais sobre o exame. Em casos que demonstrem anormalidade, pode se seguir de laparoscopia e histeroscopia diagnósticas para prosseguir a avaliação. É interessante observar que até 20% das histerossalpingografias normais mostram anormalidade na vídeolaparoscopia. Orientações: O exame deverá ser realizado entre o 8º e 10º dia do ciclo; Ligue para marcar o exame na clínica especializada no 1º dia do ciclo menstrual, a fim de receber eventuais informações complementares, como o uso de analgésicos antes do exame. Histerossonografia: É um exame que pode ser realizado no próprio consultório. Uma sonda especial é colocada no útero por via vaginal e através desta injeta-se um fluído que distende a cavidade uterina, caminha em direção às trompas e atinge a cavidade pélvica. Este procedimento é acompanhado pelo ultra-som e nos permite avaliar a anatomia da cavidade uterina e, indiretamente nos dá a idéia da permeabilidade tubárea pelo acúmulo de líquido intra abdominal atrás do útero, entretanto, não substitui a histerossalpingografia para avaliação das trompas. Ultra-sonografia Endovaginal: É um instrumento importante na avaliação inicial da paciente infértil. No passado, eram necessários procedimentos mais agressivos para averiguar anormalidades ovarianas e uterinas. Com o uso do ultra-som vaginal, hoje é mais fácil e segura a avaliação dessas estruturas pelo médico. Pode-se usar o ultra-som vaginal para diagnosticar uma variedade de problemas: Uterinos: miomas uterinos (tamanho e localização); anomalias estruturais, como útero bicorno ou didelfo; alterações funcionais e anatômicas do endométrio. Ovarianos: Cistos; Tumores; Aspecto policístico. O ultra-som vaginal pode também diagnosticar problemas ovarianos e, conforme descrito no capítulo anterior, muito útil ao se acompanhar uma paciente através da fase ovulatória de seu ciclo e avaliar a presença do folículo dominante. Quadros como cistos foliculares ou dermóides e endometriomas podem ser facilmente visualizados com o uso do ultra-som vaginal; Videolaparoscopia: É um exame muito útil e sofisticado, feito em ambiente hospitalar sob anestesia geral. Através de uma microcâmera de vídeo introduzida no abdome por meio de uma incisão mínima na região do umbigo, visualizamos os órgãos genitais: útero, trompas, ovários e órgãos vizinhos. Com esse aparelho fazemos um “passeio” pelo aparelho reprodutor feminino. Vemos tudo com magníficos detalhes na tela do monitor. Permeabilidade tubárea, aderências e ENDOMETRIOSE são diagnosticados dessa forma e podem, ao mesmo tempo, ser tratados cirurgicamente sem a necessidade de cortar o abdomen. Este equipamento permite a introdução de pinças especiais, para a realização de atos operatórios, corrigindo muitas das alterações, como liberar os tecidos aderidos, cauterizar e vaporizar focos endometrióticos (LASER ou Corrente Elétrica), coagular sangramentos e até realizar cirurgias maiores se for necessário (miomas, cistos, gravidez tubárias, etc …) O diagnóstico e o tratamento cirúrgico por VIDEOLAPAROSCOPIA deve ser feito por profissionais com experiência em infertilidade e microcirurgia. Ao se detectar determinada alteração durante um exame, o cirurgião especializado em Reprodução Humana deverá ter experiência e capacidade para discernir as reais vantagens de um tratamento cirúrgico. Caso contrário, os traumas dessa cirurgia poderão piorar ainda mais a saúde reprodutiva dessa paciente. Videohisteroscopia: Pode ser feita em consultório e permite sem qualquer tipo de corte, o exame do interior do útero (endométrio). Através da mesma microcâmera utilizada no exame anterior, introduzida no canal vaginal, diagnosticamos na cavidade uterina a existência de alterações como miomas, pólipos, malformações e aderências, corrigindo-as, quando necessário, pela mesma via, cirurgicamente. COLO DO ÚTERO: O muco cervical, como já vimos, é extremamente importante no processo de fertilização, pois é nele que o espermatozóide “nada” em direção ao óvulo a ser fecundado. Alterações no colo uterino são responsáveis por 15 a 50% das causas de esterilidade. A análise desse fator é feita através da avaliação do muco cervical, da videohisteroscopia e da colposcopia. ADERÊNCIAS: É o fator causado pela presença de obstáculos (aderências) na captação dos óvulos pela(s) trompa(s). Geralmente, é proveniente de infecções pélvicas, endometriose ou cirurgias nesta região. O diagnóstico inicial é sugerido pela histerossalpingografia, mas a confirmação é feita através da videolaparoscopia, o único exame que permite o diagnóstico definitivo e, concomitantemente, o tratamento cirúrgico. Quando não for possível a resolução pela via endoscópica, deveremos realizar a cirurgia pelas técnicas convencionais, levando-se em consideração os princípios da micro-cirurgia. 3. FATOR IMUNOLÓGICO O fator imunológico pode ser considerado causa de esterilidade, pois encontramos, com freqüência, anticorpos no aparelho genital feminino, em especial no muco cervical . O exame básico é o Teste Pós-Coito ou Sims-Huhner, que identifica, sob a luz do microscópico, qual é o comportamento dos espermatozóides em contato com o organismo feminino. O teste é considerado DEFICIENTE, quando eles se encontrarem imóveis, ao invés de movimentos rápidos, ideais para fecundação normal. Outros exames para avaliar fatores imunológicos são os anticorpos anticardiolipina, anticorpos antitireoidianos, fator anticoagulante lúpico,fosfatidil serina, células NK, IgA, Fator V de Leiden etc, de indicação restrita. Em casos especiais pode ser ainda solicitado o exame “Cross Match” que avalia a rejeição do embrião pelo organismo materno. 4. FATOR MASCULINO A pesquisa da fertilidade no homem é um capítulo importante na reprodução humana, tanto pelas dificuldades quanto pelo misticismo que envolvem a maneira da coleta do material (pela masturbação), além dos preconceitos que ainda existem envolvendo os possíveis diagnósticos (por mais absurdo que pareça). A pesquisa da fertilidade masculina é sempre muito mais simples que a feminina. É fundamental que se saiba o que é relevante nesta pesquisa para que não nos percamos em resultados superficiais que levam o casal, muitas vezes, a perder tempo e dinheiro, além do desgaste psicológico que envolve este tipo de tratamento. O fator masculino é responsável, isoladamente, por 30 a 40% dos casos de infertilidade e associado ao fator feminino por mais 20%, cúmplice, portanto, de 50% dos casais com dificuldade para engravidar. Visto que a avaliação deste fator é relativamente simples e pouco dispendiosa, esta deve ser realizada em todos os casos. Este estudo é baseado na história clínica (antecedentes de infecção, traumas, cirurgias pregressas, impotência, hábitos como alcoolismo, tabagismo, etc…), exame físico, espermograma e, em casos especiais, exames genéticos. 5. FATOR ENDOMETRIOSE Endométrio é o tecido que reveste o útero internamente e é formado entre as menstruações. Esta “película” solta-se e sai juntamente como sangue, cada vez que a mulher menstrua. Por razões ainda não definidas, esse revestimento pode migrar e se alojar em outros órgãos como ovários, trompas, intestinos, bexiga, peritôneo até mesmo no próprio útero, dentro do músculo. Quando isso, acontece, damos o nome de ENDOMETRIOSE (no útero tem o nome de Adenomiose), ou seja, endométrio fora do seu local habitual. A endometriose é responsável por cerca de 40% das causas femininas da infertilidade. A moléstia não é maligna e em certas pacientes se manifesta apenas discretamente, com leve aumento na intensidade das cólicas menstruais. Em outras, pode ser um martírio, com dores fortes e sangramentos abundantes. Em qualquer uma das situações, seja qual for o grau de endometriose, a Fertilidade pode estar comprometida. Os indícios da existência desta doença podem ser dados, além da história clínica, pela dosagem no sangue de uma substância chamada CA125 e por imagem suspeita vista pelo ultra-som. Novos exames como PCR, SAA, Anticardiolipina IgG, IgA e IgM representam uma opção para pesquisa e tratamentos imunológicos futuros desta patologia. Para confirmar o diagnóstico e graduar o comprometimento da sua própria existência, a VIDEOLAPAROSCOPIA é essencial, podendo-se, através dela obter também a cura com a cauterização e ressecção dos focos. O tratamento clínico medicamentoso complementar é uma alternativa que deve ser avaliada caso a caso. Amores, se vocês já passaram da fase "normal" de esperar, procurem um bom GO, procure indicações, verifique se o mesmo é realmente profissional de respeito, se for, com certeza ele vai te solicitar os devidos exames ou te encaminhar para um especialista em reprodução. O que você não pode é ficar parada aí chorando as pitangas. Vá a luta! Corra atrás do seu milagrinho! Fontes: IPGO, Sêmion, Pró Criar, Da fertilidade à Maternidade

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