sábado, 20 de julho de 2013

Gravidez na adolescência

Especialistas alertam para os risco de uma gravidez precoce – foto: Reprodução

É na adolescência que se experimenta os doces e amargos sabores da vida e são esses gostos que formam uma futura personalidade e postura perante uma sociedade. É na adolescência que se constrói histórias, descobre risadas e sensações novas. E quando essa etapa da vida é atropelada por uma gravidez não planejada?
peso de um filho para uma gestante no período da adolescência influencia diretamente em toda a estrutura financeira, social e psicológica na vida dos pais. O preço da inconsequência adicionado à facilidade de encontrar produtos e medicamentos abortivos faz com que os leitos das maternidades fiquem lotados de jovens que assumiram correr o risco do aborto.
Grande parte das mulheres internadas com urgência nas maternidades de Manaus é vítima de aborto malsucedido. Quem garante isso é a ginecologista e obstetra Doroteia Aguiar, que atende em maternidades das redes municipal e estadual.
“Quanto mais jovens as meninas iniciam suas relações sexuais maior é a frequência delas nas maternidades. Isso inclui, principalmente, as jovens que cometem abortos clandestinos durante os primeiros meses da gestação”, explica.
Quem conseguiu ficar vivo para contar a história foi o jovem Matheus, que hoje tem 12 anos e é filho da policial militar Beatriz Rocha, 30, que ficou grávida aos 16. “Eu menstruei até o sexto mês e não sabia que estava grávida. Era junho, eu estava me preparando para conhecer Parintins quando passei mal e fui ao médico. Ele fez uma ultrassonografia e deu o resultado de 28 semanas. Era um menino”, lembra.
Inexperiente e sozinha, Beatriz também teve complicações durante todo o período, a partir da 20ª semana, ela teve pré-eclampsia, que consiste em hipertensão durante a gestação. “Não podia passar fortes emoções, nem boas nem ruins, isso fez com que eu me afastasse de grande parte do meu ciclo de amizades, além de ser discriminada quando chegava nos postos de saúde. Geralmente, ouvia coisas tipo que eu era enxerida ou acesa”, conta.
O aborto chegou até a passar pela cabeça dela, mas a vontade de criar um filho se mostrou maior. “O fato de eu ter ficado sozinha me fez ter mais força para conseguir superar mesmo sem consciência de tudo que me esperava. Precisava ficar em casa porque minha mãe não queria que me vissem grávida, virei mãe antes mesmo de virar mulher”, explica.
Para o ginecologista e mastologista Gerson Mourão, o que muitas mulheres e meninas ainda não se deram conta são nos reais riscos emocionais e físicos que uma gravidez precoce pode causar.
“A adolescência é cenário da vida escolar, a descoberta de inúmeras novidades, incluindo a vida sexual. Hoje a mulher já pode fazer sexo com quem ela quiser, sem precisar dar grandes satisfações, mas precisa ter a cultura de ir ao posto de saúde, se prevenir e cuidar de si mesma”, argumenta.
A gravidez precoce levou Beatriz a abrir mão das atividades que gostava e perdesse as festas e baladas que queria ir. “Tive que mudar minhas amizades, porque não cabia mais a mim as baladas. Existem mães que conseguem manter isso e continuar estudando, mas na época eu estava no segundo ano do ensino médio, precisava arrumar um emprego e o Matheus passou a ser responsabilidade minha”, explica.
Para o médico Gerson Mourão o ideal ainda é a prevenção. “Muitas jovens até têm acesso a informação, mas por irresponsabilidade e até submissão ao homem acabam deixando coisas como essas acontecerem. As jovens mal menstruam e já vão engravidando, sem ter ao menos orientações básicas em como funcionam os métodos anticoncepcionais”, explica.
Hoje em dia, Beatriz é casada e tem mais duas filhas gêmeas que completaram 6 anos. Ela, o marido Matheus e as gêmeas vivem em harmonia em clima de família.

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